sábado, 14 de novembro de 2009

Clarissa Forneris,MIT.

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professora brasileira do MIT

Quem é a paulista Daniela Pucci,
28 anos, que conquistou uma
vaga das mais disputadas na
universidade americana


Monica Weinberg


PERFECCIONISMO E AMBIÇÃO
"Quanto mais você convive com bons cérebros, melhor fica o seu próprio"

Em setembro, a paulistana Daniela Pucci tornou-se uma das mais jovens professoras do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, centro de excelência do ensino superior nos Estados Unidos. Depois de se formar em engenharia da computação pela Universidade Estadual de Campinas e concluir um doutorado na Universidade Stanford, outra renomada instituição americana, Daniela planejava buscar uma oportunidade na iniciativa privada. Seus planos se alteraram quando a tese que defendeu em Stanford foi escolhida como a melhor realizada nos Estados Unidos em sua área de estudos. Daniela desenvolveu modelos matemáticos que podem ser usados para prevenir riscos em operações financeiras. Decidiu então permanecer no mundo acadêmico. Depois de doze entrevistas em universidades, recebeu quatro ofertas formais e acabou escolhendo o MIT. Daniela falou a Monica Weinberg, de VEJA.

Veja - Você sempre foi boa aluna?
Daniela - Sempre. A vida inteira fui perfeccionista. Quando tirava uma nota diferente de 10, tomava aquilo como um fracasso. Ao chegar da escola, me enfiava nos livros a tarde toda. Estudava mais que meus colegas. Adoro estudar. Adoro línguas estrangeiras. Falo inglês, francês e alemão.

Veja - Os estudos não a impediam de se divertir, de namorar?
Daniela - Não sou bitolada. Sempre levei uma vida normal. Jogo tênis de mesa, danço tango, toco piano e leio. Adoro a Clarice Lispector, autora que me acalma quando não consigo resolver uma equação matemática. Mais tarde fui saber que meus interesses paralelos e hobbies ajudaram na carreira. O mercado valoriza a diversidade.

Veja - Qual foi sua maior dificuldade no exterior?
Daniela - Na área profissional, sabia que minha base era sólida. Sempre estudei em bons colégios particulares e vim de uma universidade excelente no Brasil. Quanto mais você convive com bons cérebros, melhor fica o seu próprio. Mas, do ponto de vista pessoal, vivia com pouco dinheiro, sentia muito frio no inverno e passava por momentos de profunda solidão longe da família. Apesar dos sacrifícios, banquei a escolha.
Daniela em sua formatura na Universidade Stanford, em junho de 2002

Veja - Você disputou a vaga do MIT com outros candidatos bem preparados. O que fez a diferença?
Daniela - Consegui controlar os nervos e fui muito segura para a entrevista. Pensei assim: "As luzes estão na minha direção. Vou aproveitar a chance de dizer o que penso para um monte de gente interessante". Até me diverti. Tratei as pessoas que me entrevistavam como futuros colegas de trabalho. Vendi a idéia, eles compraram. E aqui estou no MIT.

Veja - Seu plano era seguir a carreira acadêmica?
Daniela - Fiz engenharia da computação para trabalhar numa grande empresa. Apesar de gostar de matemática, não queria ser professora. Só que acabei me apaixonando pelo mundo acadêmico e não tenho intenção de mudar.

Veja - Você pensa em voltar a viver no Brasil?
Daniela - No frio fico pensando no calor humano dos brasileiros. Morro de saudade, até hoje sofro, mas vou ficar por uma decisão profissional. Estou entre os melhores pesquisadores do mundo e isso me estimula muito. Num lugar como o MIT você tem espaço para lidar com temas ambiciosos e mais arriscados. E só consegue brilhar quem corre riscos.

Veja - Que conselho você daria aos mais jovens?
Daniela - Estude muito, leia bastante, tenha um hobby, trace objetivos ambiciosos e olhe alguns anos a sua frente.